A recente interdição da Refit, gigante do setor de combustíveis, desencadeou uma série de mudanças significativas no mercado de distribuição de gasolina e diesel. A ação, parte da Operação Poço de Lobato, que envolveu a Receita Federal e Ministérios Públicos de diversos estados, provocou uma corrida entre as empresas concorrentes para suprir a lacuna deixada pela Refit. Distribuidoras regionais intensificaram suas operações, enquanto as importações de gasolina dispararam, alterando a dinâmica do setor e acendendo um alerta sobre a concorrência e a fiscalização. A seguir, analisaremos os impactos dessa interdição e as estratégias adotadas pelas empresas para garantir o abastecimento do mercado.
Distribuidoras Regionais Triplicam Operações
Após a interdição da Refit pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em setembro, o mercado de distribuição de combustíveis no Rio de Janeiro, onde a empresa detinha uma fatia significativa de 32% na gasolina e 18% no diesel, experimentou uma movimentação intensa. As quatro maiores distribuidoras regionais do estado – RDP, Ruff, Petronas e SP – responderam ao vácuo deixado pela Refit triplicando suas operações. Essa expansão envolveu o aumento do número de caminhões e o reforço dos estoques para atender à demanda crescente.
Grandes Distribuidoras Aumentam Capacidade
As grandes distribuidoras nacionais, como Vibra (ex-BR Distribuidora), Raízen (dos postos Shell) e Ipiranga, também intensificaram suas operações logísticas, embora em menor proporção que as regionais. A Ipiranga declarou estar preparada para suprir as necessidades do mercado, o que demonstra a prontidão das empresas em garantir o abastecimento contínuo aos consumidores. Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal (ICL), assegurou que não há risco de desabastecimento, destacando que as maiores distribuidoras mantêm uma capacidade ociosa entre 15% e 20%.
Importações Ultrapassam 100% em Outubro
O impacto da interdição da Refit não se limitou à redistribuição interna. As importações de gasolina registraram um aumento notável em outubro, superando em 113% os volumes verificados em setembro. Segundo Sérgio Araújo, presidente da Abicom, as importações de gasolina totalizaram 355 mil metros cúbicos. Esse aumento reflete a necessidade de compensar a ausência da Refit, que era uma importadora significativa de combustíveis. A expectativa é que os altos índices de importação de gasolina se mantenham em novembro, indicando uma mudança estrutural no mercado.
Substituição do Diesel Importado pela Refit
O volume de diesel que era importado pela Refit também está sendo gradualmente substituído por outros agentes do mercado. Essa mudança sugere que outras empresas estão aproveitando a oportunidade para expandir suas operações e preencher a lacuna deixada pela Refit no mercado de diesel. Além disso, espera-se que os preços nos postos que vendiam os produtos da Refit se alinhem com os preços praticados pelo restante do mercado, eliminando qualquer vantagem competitiva que a empresa pudesse ter.
Fonte: https://oglobo.globo.com